Incêndios florestais: prevenir e agir

Se mora numa área florestal, pode tomar medidas para prevenir incêndios ou, pelo menos, minimizar as suas consequências. Acompanhe o estado dos incêndios no site da Autoridade Nacional de Proteção Civil. Os cuidados devem ser redobrados se tiver por hábito ir passear para a floresta.
Gerir a vegetação num raio de 50 metros à volta da casa é fundamental e obrigatório para proprietários, arrendatários, usufrutuários ou entidades que detenham terrenos no raio de 50 metros a partir da parede exterior do edifício.
O prazo para a limpeza das matas e terrenos pelos proprietários ou quem arrenda ou usa estes espaços termina no final de abril. Quando tal não é assegurado por eles, os municípios podem substituir-se-lhes, mas cobram-lhes posteriormente os devidos custos.
Para poderem gerir os incumprimentos e contactar os proprietários, as câmaras municipais têm acesso à base de dados do Balcão Único do Prédio, onde constam os dados fiscais dos prédios e a identificação dos proprietários e do respetivo domicílio fiscal, entre outras informações.
Como evitar incêndios?
Siga as recomendações do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e da Autoridade Nacional de Proteção Civil.
- Crie uma faixa de proteção à volta da casa. O perímetro é de 50 metros, calculados a partir da parede exterior da habitação.
- Caso tenha um jardim, as árvores e os arbustos devem estar a cinco metros da casa. Faça regularmente a manutenção das copas, que devem estar separadas entre si no mínimo por quatro metros, para que não se projetem sobre os telhados. O desrame das árvores deve ser feito quatro metros acima do solo. Se a árvore tiver menos de oito metros de altura, desrame apenas a metade inferior (50% da árvore). Se está a considerar cortar alguma árvore, dê preferência à mais fraca ou doente.
- Garanta que nos dez metros à volta da casa não cresce vegetação mais inflamável, como silvas ou canas.
- Evite acumular lenhas, sobras de exploração florestal ou agrícola e substâncias inflamáveis (como o gasóleo) dentro da faixa de proteção. Mas, se não tiver outro local para guardar esses materiais, acondicione-os em compartimentos isolados.
- À volta da casa, mantenha uma faixa com um a dois metros de pavimento não inflamável (como cimento ou mosaico).
- O acesso à casa deve estar sempre limpo e desobstruído. Se for possível, crie também uma zona que permita aos carros fazerem a inversão de marcha.
- Os telhados, as caleiras e os passadiços de madeira acumulam erva e folhas secas. Limpe essas áreas regularmente.
- Instale uma rede de retenção de fagulhas nas chaminés da casa. Em caso de incêndio, esteja atento às frestas das portas e das janelas por onde as fagulhas possam entrar.
- Caso tenha plantações, separe as culturas com barreiras corta-fogo (por exemplo, um caminho).
- Se precisar de trabalhar com combustíveis, evite os dias muito quentes e as horas de maior calor.
- Caso esteja a trabalhar com ferramentas motomanuais ou corta-matos, evite que toquem em pedras e metais.
- Avise as autoridades se existir lixo acumulado próximo das habitações.
- Prepare um plano de evacuação da casa e treine-o com a família. Combine ainda um ponto de encontro ou um modo de contacto, para não ficarem separados durante um incêndio.
- Não faça fogo no interior das florestas ou nas zonas próximas.
- Não lance foguetes ou fogo-de-artifício nos espaços rurais.
- Nunca deixe as crianças sozinhas em casa, muito menos fechadas à chave.
- Não deixe as crianças brincarem com fósforos ou isqueiros.
- Nunca deixe que um pequeno foco de incêndio cresça. No primeiro minuto, qualquer fogo nascente se apaga com um copo de água, mas, cinco minutos depois, uma tonelada de água poderá não chegar.
Tenha sempre à mão algo com que possa extinguir um foco de incêndio, como extintor, mangueira, enxadas ou pás. Convém ter de reserva um rádio, uma lanterna a pilhas (e pilhas extra), material de primeiros socorros, sapatos fortes e isolantes do calor, garrafas de água e comida em embalagens de conserva.
Em caso de incêndio, deve ligar para o número nacional de emergência 112 ou para os bombeiros da sua área. Consulte o site do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) para acompanhar diariamente as zonas que apresentam maior risco de incêndio.
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Para continuar a ler, basta entrar no site ou criar uma conta (disponível para subscritores e não-subscritores).Se a casa fica numa área florestal e, entretanto, deflagrar um incêndio numa zona próxima, corte o gás e a eletricidade. A seguir, avise os vizinhos, molhe abundantemente as paredes e os arbustos que rodeiam a casa e solte os animais (eles tratam de si próprios). Ligue o rádio de pilhas para obter informação atualizada sobre a situação de emergência.
Minimizar os efeitos do incêndio
- Retire os cortinados e feche todas as persianas ou coberturas das janelas, para tentar evitar a propagação do fogo para o interior da casa.
- Feche todas as janelas e portas, de forma a evitar fenómenos de sucção.
- Feche todas as válvulas de gás e regue os depósitos com água.
- Acenda uma luz em todas as divisões da casa, para ter visibilidade em caso de fumo.
- Ponha os objetos que não sejam danificados pela água dentro de piscinas, tanques ou banheiras. As piscinas e os tanques são zonas potencialmente mais seguras.
- Remova materiais combustíveis do interior e das imediações da casa.
- Retire o carro dos caminhos de acesso ao incêndio.
- Se notar a presença de pessoas com comportamentos de risco, informe as autoridades.
- Caso as autoridades aconselhem a sair do local, obedeça rapidamente, mas com calma.
- Se o incêndio se aproximar da casa, ou se receber ordens das autoridades para evacuar o local, prepare toda a família. Dê especial atenção a crianças, idosos e portadores de deficiência.
- Não perca tempo a recolher objetos pessoais desnecessários.
- Não volte atrás por motivo algum.
Tratar a inalação de fumos
Um incêndio florestal provoca a emissão de gases (dióxido de enxofre, monóxido de carbono, entre outros) e a libertação de partículas para a atmosfera, com efeitos na qualidade do ar e na saúde. A inalação de fumos ou de substâncias químicas irritantes e o calor podem provocar tosse, irritação da garganta e das vias respiratórias, falta de ar, dor no peito e de cabeça ou irritação dos olhos e do nariz. O calor potencia as lesões de inalação, que provocam obstrução e risco de infeções. Já as substâncias químicas do fumo estão na origem de inflamações, edema com tosse, broncoconstrição e aumento das secreções. Mais tarde podem surgir lesões graves, especificamente a destruição das células, que, em casos extremos, causa falência respiratória.
Beber leite para atenuar os efeitos da inalação de fumos não tem fundamento científico nem é um método usado nos hospitais. O mito relaciona-se com a ideia de o leite ser um antídoto do monóxido de carbono, mas a sua utilidade não está descrita em artigos científicos. Não atrase o pedido de ajuda médica com a mezinha "vamos beber um copo de leite". Em caso de inalação de fumos, siga as recomendações da Direção-Geral da Saúde:
- retire a pessoa do local e evite que respire o fumo ou esteja exposta ao calor;
- procure sinais de alarme, como dificuldade respiratória ou alteração do estado de consciência;
- verifique a presença de queimaduras faciais.
Caso tenha dúvidas ao ajudar uma vítima de inalação de fumo, ligue para a linha Saúde 24, através do 808 24 24 24, ou procure uma unidade de saúde.
Se tiver de ficar na rua durante o incêndio, cubra a cabeça e a parte superior do seu corpo com roupas molhadas ou, pelo menos, proteja a boca e o nariz com lenços húmidos, para filtrar as partículas. Proteja os olhos com óculos. Em caso de vista irritada, lave os olhos com soro fisiológico ou água fria e limpa. Outra forma de evitar a inalação de fumos é respirar o ar junto ao chão através duma roupa molhada.
Reduza os esforços prolongados, limite a atividade física ao ar livre e evite a exposição a fatores de risco, como o fumo do tabaco e o contacto com produtos irritantes.
Combater o calor
Os fogos provocam também o aumento da temperatura ambiente. Proteja-se com algumas medidas:
- beba muitos líquidos, de preferência água ou sumos de fruta natural, mesmo durante a noite. Evite bebidas quentes, alcoólicas, com gás, cafeína e muito açucaradas;
- evite a exposição direta ao sol, principalmente entre as 11h00 e as 18 horas;
- use roupas soltas, de fibras naturais (algodão, por exemplo) e cores claras;
- tome duche de água tépida ou fria para baixar a temperatura do corpo;
- procure ambientes frescos ou climatizados mesmo durante a noite.
Algumas pessoas são mais sensíveis aos efeitos provocados pelo fumo, sobretudo crianças, grávidas, idosos e quem sofre de doenças respiratórias e cardíacas. Se possível, devem permanecer no interior dos edifícios com as janelas fechadas e utilizar ar condicionado, em modo de recirculação. O excesso de calor também é perigoso, nomeadamente para doentes renais, diabéticos e obesos.
Desinfetar a água da torneira
Durante um incêndio, a água da torneira pode ser afetada. Não é preciso deixar de a beber, mas convém desinfetá-la. Ferva a água durante cinco minutos (a partir do momento da fervura) e adicione uma gota de limão para melhorar o sabor. Verta a água para um jarro que possa tapar e guarde num local fresco. O ideal é deixá-la repousar durante um dia antes de a beber.
Não ligue o ar condicionado se não tiver a certeza de que está equipado com um filtro eficiente para remover as partículas. Caso seja necessário, tape as frinchas existentes na casa com panos molhados.
As autoridades só aconselham a evacuação se existir risco de vida. Nessas situações, deve obedecer rapidamente, mas com calma, e ajudar crianças, idosos e pessoas com deficiência. Não perca tempo a recolher objetos pessoais.
Para combater o abandono de terrenos florestais, a lei prevê benefícios fiscais para quem arrendar os seus terrenos a entidades gestoras da floresta.
Além desse benefício fiscal, a lei conta com outras majorações e isenções que servem como incentivos fiscais à silvicultura. Pode encontrar toda a informação detalhada no Guia Fiscal do Interior disponibilizado pelo Governo.
Cabe aos proprietários, arrendatários, usufrutuários ou outras entidades que a qualquer título detenham terrenos fazer a limpeza dos mesmos. Este ano, o prazo para o efeito acaba a 30 de abril. Os municípios podem substituir-se aos responsáveis na limpeza das matas e terrenos, cobrando-lhes posteriormente os devidos custos. Os proprietários, por sua vez, estão obrigados a permitir o acesso por parte das equipas de limpeza.
Os trabalhos de fiscalização já estão em curso e decorrerão em duas fases: uma até ao final de maio e outra durante o mês de junho.
Antes de ir para a floresta, consulte o índice de risco de incêndio florestal diário junto da sua câmara municipal, dos Serviços Florestais ou do Instituto Português do Mar e da Atmosfera.
Painel de risco de incêndio
- Cor verde: risco reduzido; ignição difícil, propagação de incêndio lenta.
- Cor amarela: risco moderado; ignição e propagação de incêndio moderada.
- Cor laranja: risco elevado; fácil ignição, intensidade moderada a elevada e propagação moderadamente rápida.
- Cor vermelha: risco muito elevado; intensidade elevada e propagação rápida, ignição rápida de fagulhas com possibilidade de fogo de copas.
- Cor vermelho-escura: risco máximo: intensidade e propagação de incêndio externa, possibilidade de focos secundários intensos.
Sempre que o risco de incêndio florestal seja de nível muito elevado ou máximo, não é permitido aceder, circular e permanecer no interior das áreas condicionadas, bem como em todas as vias que as atravessem, com exceção das autoestradas, IP, IC, EN e estradas regionais.
Já quando o risco de incêndio florestal for elevado ou superior, todas as pessoas que circulem no interior das áreas condicionadas e nas vias que as atravessem ou as delimitem são obrigadas a identificar-se perante as entidades com competência de fiscalização.
No entanto, há exceções ao condicionamento:
- residentes, proprietários, produtores florestais e pessoas que aí exerçam a sua atividade profissional;
- necessidade de circulação por estas vias para acesso à residência ou local de trabalho;
- acesso a praias fluviais e marítimas concessionadas;
- acesso a equipamentos florestais de recreio, quando devidamente infraestruturados.
Ao não cumprir as regras de condicionamento está a infringir a lei. As coimas podem atingir valores entre 5000 euros (pessoas singulares) e 60 000 euros (pessoas coletivas).
As fogueiras só podem ser feitas nos locais assinalados para o efeito e em dias de pouco vento. Mesmo que respeite esta regra, tenha alguns cuidados na hora de atear as brasas. Remova as folhas secas e ponha um círculo de pedras em redor do fogo. De seguida, molhe bem o local à volta e mantenha por perto um recipiente com água. Durante todo o churrasco, vigie a fogueira atentamente.
Quando terminar, apague a fogueira com água e terra. Não abandone lixo na floresta, incluindo garrafas de vidro.
As queimadas são proibidas entre 1 de julho e 15 de outubro. Fora deste período, só são permitidas se o índice de risco de incêndio for inferior ao nível elevado. Por isso, antes de fazer uma queimada peça autorização à câmara municipal e informe-se das condições de segurança junto dos bombeiros da sua área.
Se ficar cercado por um incêndio durante um passeio, ligue para o 112 ou o 117 e tente sair na direção contrária à do vento. Refugie-se numa zona com água ou com pouca vegetação. É essencial cobrir a cabeça e o resto do corpo com roupas molhadas e respirar junto ao chão, para evitar inalar o fumo. Caso não consiga sair sozinho, aguarde a chegada dos bombeiros.
Caso se queime, arrefeça imediatamente a área afetada com água fria corrente da torneira, por alguns minutos, até alívio substancial da dor. Este procedimento é fundamental, pois a área queimada está aquecida e continua a lesar a pele, podendo aprofundar-se e formar bolhas. Quanto mais depressa agir, menos grave será a queimadura.
Se a queimadura não abranger a zona entre os dedos, a face, os órgãos genitais ou consistir numa área da pele com poucos centímetros quadrados, pode cobrir a área queimada com uma compressa humedecida com soro fisiológico ou água. Em alternativa, recorra a um lenço ou a um pano húmido. Não fure ou rebente as bolhas que possam surgir. Nunca utilize, na zona queimada, gelo, pasta de dentes, manteiga ou margarina, óleos de qualquer tipo ou mezinhas caseiras.
As queimaduras ligeiras e localizadas geralmente resolvem-se por si, sem necessidade de cuidados médicos. No entanto, se a queimadura cobrir uma grande área do corpo ou se a vítima for uma criança ou um idoso, deve procurar-se ajuda médica.