NETtalks: DECO debate o mundo digital

A escola secundária D. Dinis, em Lisboa, ganhou, durante cerca de 2 horas, um novo dinamismo com as NETtalks, promovidas pela DECO e pela associação DNS.pt. Os direitos de autor estiveram na berlinda.
Bagagem para a viagem virtual
“A nossa sociedade está cada vez mais digital, mas teremos toda a bagagem para esta viagem?”, questionou novamente Inês Paraíso, para avançar com alguns números que fazem refletir. Ao nível mundial, há 770 milhões de adultos analfabetos. Destes, 123 milhões são jovens entre os 15 e os 24. Em Portugal, 1 em cada 20 pessoas são analfabetas. Ou seja, 520 mil portugueses não sabem ler. Mais: somos campeões europeus do abandono escolar: 20 por cento. É certo que cada pessoa pode ter mais de um, mas há 6,8 mil milhões de utilizadores de telemóveis em todo o mundo. China, Índia, Estados Unidos da América, Indonésia e Brasil estão na crista da onda.

A esmagadora maioria dos alunos presentes possui uma conta no Facebook, mas nem todos levam muito a sério as questões de privacidade. Outro facto pertinente: tudo o que se publica nas redes sociais fica em rede para sempre, mesmo que eliminemos a publicação. “Há que separar a vida pública da privada. Protejam a vossa vida pessoal e pensem antes de publicar nas redes sociais”, alertou Inês Paraíso. Além disso, os perfis falsos são uma forma de ciberbullying, bem como os boatos, manipulações e informações falsas que circulam nas redes sociais e que visam uma ou determinadas pessoas.
Ser criativo é respeitar os direitos de autor
“Os autores têm o direito de decidir o que fazer com a sua obra”, afirmou Luís Botelho, da Inspeção Geral das Atividades Culturais (IGAC), no início do debate sobre direitos de autor, moderado por Fernanda Santos, da DECO, e que contou ainda com a colaboração de Pedro Marques, do Centro Internet Segura, e de João Torres, do Centro de Competência TIC, da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal.

João Torres deu pistas sobre como é possível agir para respeitar os direitos de autor. “As tecnologias facilitam o contacto com o autor. Por exemplo, as chamadas licenças Creative Commons são símbolos que permitem saber o que o autor permite que façam com a sua obra, sejam imagens ou conteúdos”, explicou. Pedro Marques também deu a sua visão, reforçando a necessidade de “colocar o nome dos autores a que recorremos. Por exemplo, se colocarmos um vídeo no YouTube, deveríamos referir o nome do autor da música. Com este gesto, estamos a dar credibilidade ao nosso próprio trabalho”.

À saída do auditório onde decorreu a NETtalks, Mário Paiva, 17 anos, a frequentar o 12.º ano, achou a conferência "bastante interessante." "Deu-me a conhecer mais sobre a segurança na Internet e o uso correto dos direitos de autor. Não sabia que não poderia utilizar certos ficheiros disponibilizados por entidades sem autorização. Costumo ver filmes e agora tenho de ter cuidado. Não sabia que poderia estar a cometer uma infração”, afirmou.


“Fiquei impressionada com os números do analfabetismo. São alarmantes”, realça Sónia Loureiro, 17 anos, a frequentar o 12.º ano. “Há muitos jovens dependentes da Internet e isso reflete-se no comportamento nas aulas e nas notas. Andam cansados, não estudam."
Uma ideia, um projeto ou uma atividade: jovens entre os 14 e os 18 anos podem participar no concurso Sitestar.pt e dar largas à sua imaginação. O prazo para apresentar a ideia, de forma individual ou em equipa, com a ajuda de um professor de TIC ou um diretor de turma, acaba a 15 de janeiro de 2016. Saber & Ciência, Faz Diferença, Jovens com Talento e Notícias na Escola são as quatro categorias onde se pode enquadrar o projeto. Smartphones, actions cams, colunas portáteis e dinheiro são os prémios previstos para os autores dos 13 melhores projetos.