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Poupe eletricidade com um sistema fotovoltaico
Permite reduzir a fatura mensal da eletricidade, mas, para ser rentável, o sistema fotovoltaico tem de estar bem dimensionado.
- Especialista
- Susana Rodrigues
- Editor
- Isabel Vasconcelos
03 maio 2022

O elevado custo da eletricidade, sobretudo após os mais recentes aumentos, leva muitos consumidores a quererem investir num sistema fotovoltaico, para produzirem parte da energia que consomem e, assim, baixarem a fatura mensal. É certo que a instalação destes sistemas é mais simples para quem vive numa moradia, mas também pode ser opção em apartamentos. Outra solução passa por convencer o condomínio a investir num sistema que alimente as várias frações.
Mas, antes de avançar, são precisos cuidados na definição e no dimensionamento do sistema. Só assim se consegue garantir que é eficiente e rentável, e que a produção se adequa às necessidades da casa, para não desperdiçar energia. Fizemos as contas para a instalação de um sistema fotovoltaico ajustado ao perfil de consumo de um casal que vive numa moradia de um piso e quatro assoalhadas, na zona do Porto, e verificámos que é possível poupar 366 euros anuais na fatura da eletricidade.
A importância do inversor
O primeiro passo a dar por quem quer investir num sistema fotovoltaico passa por identificar o perfil de consumo. Para obter a informação de forma simples, recorra às faturas da eletricidade. Subtraia à leitura real mais recente a registada no mesmo mês, mas do ano anterior: obtém uma estimativa do consumo anual. Contudo, terá de perceber como aquele é distribuído ao longo do dia, dado que o sistema só irá produzir energia enquanto houver sol. A ligação à rede elétrica tem de ser mantida, para garantir energia nos períodos sem sol, naqueles em que o consumo é superior à produção do sistema ou em caso de avaria de algum componente.
Definido o valor de eletricidade que se pretende produzir, avança-se para a definição da melhor solução. Dos vários componentes de um sistema solar fotovoltaico, destacam-se os painéis e o inversor (ou microinversor). Os primeiros incluem células fotovoltaicas que captam a energia solar e a convertem em corrente elétrica. Por sua vez, o inversor (ou microinversor) transforma a eletricidade produzida, de modo a ser consumida pelos equipamentos instalados em casa. É a potência deste que determina a capacidade de produção do sistema. Tem ainda a capacidade de monitorizar a produção solar, para permitir tanto o autoconsumo como a injeção do excesso de eletricidade na rede pública. Os microinversores, por serem instalados junto aos painéis, têm a vantagem de monitorizar individualmente a produção destes, sendo mais fácil detetar avarias.
É essencial que o painel e o inversor ou microinversor sejam compatíveis. O nosso simulador mostra as diferentes combinações de sistemas e quais as mais eficientes.
Peça vários orçamentos
Antes de investir no sistema fotovoltaico, o técnico tem de visitar o local, a fim de verificar a área disponível para os painéis e as suas características (orientação e inclinação) e a instalação elétrica da habitação. Deve ainda garantir que não existem fatores que possam afetar a produção, como sombreamentos indesejados. O técnico tem ainda de analisar o perfil de consumo do agregado, para apresentar a solução mais adequada. Cada caso é um caso, e o que serviu para um conhecido pode não ser o melhor para si: os consumos diferem entre lares, e não é o montante final da fatura que ajuda a caracterizá-los.
Quando não há certeza do perfil de consumo, o melhor é começar por um sistema menor — à partida, é mais barato — e monitorizar o consumo durante um período mínimo de seis meses. Existem dispositivos das marcas dos microinversores, que permitem monitorizar o consumo de energia. Recomendamos a sua instalação. Aliás, algumas marcas aumentam o prazo de garantia do sistema, quando aqueles são a opção. Se concluir que o sistema está subdimensionado, há sempre possibilidade de acrescentar outro conjunto, que dê resposta às necessidades da família.
Contacte várias empresas, para ter diferentes orçamentos. Consulte o nosso simulador e verifique se as combinações entre painéis e inversores são as mais eficientes. Decidido o sistema, caso precise de ajuda na compra, pode recorrer a um crédito específico para energias renováveis. Este produto tem condições mais vantajosas do que o crédito pessoal sem finalidade. A principal é a taxa de juro. Embora todos os créditos ao consumo pratiquem as taxas máximas definidas pelo Banco de Portugal, quando a finalidade é o investimento em renováveis, a taxa anual de encargos efetiva global (TAEG) é bastante inferior. Como se trata de um empréstimo com condições especiais e custos mais baixos, é necessário comprovar o verdadeiro destino dos fundos através de uma fatura ou de um orçamento discriminado.
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Para perceber a poupança que se pode conseguir e a importância da escolha do microinversor, usámos o exemplo de uma moradia, de um piso e quatro assoalhadas, na zona do Porto, renovada em 2005 e com um nível baixo de isolamento térmico. Todos os equipamentos existentes são elétricos e já com alguns anos. Na casa vive um casal que se encontra em teletrabalho e que gasta 4845 kWh anuais de eletricidade. Tal implica uma despesa anual de 943 euros e 1744 kg de emissões de dióxido de carbono (CO2). Estimámos que, durante o ano, o consumo em períodos com luz solar era de 2100 kWh. Para fazer face a este gasto, concluímos que são necessários quatro painéis.
Sistema solar fotovoltaico | Potência instalada (watts) | Custo total (euros) | Produção anual do sistema (kWh) | Custo anual de energia (euros) | Poupança anual (euros) | Retorno do investimento | Emissões (kg de CO2 ao ano) |
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4 painéis + 2 microinversores | 1760 | 1938 | 2684 | 578 | 366 | 5 | 1068 |
4 painéis + 1 microinversor | 1400 | 1848 | 2570 | 593 | 350 | 5 | 1097 |
4 painéis + 4 microinversores | 1160 | 2246 | 2570 | 593 | 350 | 6 | 1097 |
Ao introduzirmos os dados no nosso simulador, obtivemos várias combinações de painéis e inversores, e a respetiva produção anual. Optámos pelas que apresentaram um valor superior e, mantendo esses painéis, analisámos a respetiva produção, fazendo variar o número de microinversores: um para cada painel, dois para os quatro e um para todos. Considerámos ainda que 70% da energia produzida é consumida e os restantes 30% são injetados gratuitamente na rede. Quanto aos custos do sistema, os valores referem-se só aos painéis e inversores, ou seja, não incluem instalação, fixações e outros dispositivos.
No nosso exemplo, a solução mais rentável é a instalação de quatro painéis com dois microinversores. Embora não seja a opção mais barata, é a que garante maior produção e aproveitamento de eletricidade, o que permite reduzir a dependência da rede elétrica e as emissões de CO2. Se o casal começar a trabalhar fora de casa e o consumo diário diminuir, haverá um elevado excedente de energia, que será injetado na rede. Existe a possibilidade de vender este extra, mas os preços praticados são baixos e, embora atenuem o período de retorno de investimento, não o farão de forma significativa.