Qual o impacto ambiental de maçãs e peras?
A DECO PROTESTE analisou o impacto ambiental do transporte de maçãs e peras. Conclusão: quanto mais próxima a sua origem, melhor. Prefira as nacionais, para ser mais sustentável.
- Especialista
- Fábio Aparício
- Editor
- Ricardo Nabais e Alda Mota

Tão comuns na mesa dos consumidores, estes frutos têm pegada ecológica: prefira os que apresentam origem mais próxima, nacional se possível. O transporte tem um impacto no ambiente que nem deve imaginar. Para chegarem às mesas urbanas – a maioria dos consumidores vive nas cidades –, são transportados por camião. Em alguns casos, têm de cruzar o Atlântico, de barco ou de avião.
Em 2021, a DECO PROTESTE analisou o peso ecológico do transporte de maçãs e peras em vários cenários, e a conclusão é sempre a mesma: se puder certificar-se de onde vêm antes de comprar, o ambiente agradece. E, claro, se a origem for nacional, melhor.
Lute contra o excesso de embalagem nos alimentos
No caso das maçãs, o cenário considerava quatro países de origem: Portugal, Espanha, Itália e Argentina. Foi medido o impacto ambiental por quilo de CO2 equivalente, unidade de medida utilizada para o potencial de aquecimento global. E, se tentou adivinhar quem leva a palma das emissões maiores, e foi pelo óbvio, ou seja, pelo país mais distante (a Argentina), enganou-se. As maçãs provenientes de Itália, por camião, percorrem milhares de quilómetros, num veículo que produz mais emissões por cada quilo transportado do que o barco que traz maçãs argentinas.
Na verdade, as últimas também seguem de camião da província de Neuquén, no interior, até ao porto de Bahia Blanca. Chegadas a Lisboa, fazem novo trajeto por terra, em quatro rodas, até ao Mercado Abastecedor da Região de Lisboa (MARL), no âmbito do nosso cenário. Mas a distância das duas viagens por camião é de cerca de metade da percorrida pelas suas congéneres italianas. Contas feitas, as maçãs transalpinas têm um impacto de 155 quilos de CO2 equivalente, enquanto as argentinas “ficam” pelos 84 quilos. Seria necessário, no caso italiano, plantar sete árvores para compensar as emissões anuais deste cenário. Tudo mudará, claro, se as maçãs sul-americanas vierem por avião: o impacto, neste caso, será 13 vezes maior do que se chegarem por mar. A conclusão é óbvia, mas a diferença pode ser assustadora: as maçãs nacionais, vindas de seis pontos do País no nosso cenário (o mais longínquo, a mais de 300 km) representam 9 quilos de CO2 equivalente. É fácil escolher.
A pegada ecológica das peras
No estudo da DECO PROTESTE, uma vez que vem da Europa, a pera chega sempre por terra. Foram comparadas as que percorrem distâncias nacionais com as provenientes de Espanha, França e Holanda. Neste caso, é fácil: quanto maior o trajeto, por exemplo, dos Países Baixos até Lisboa (emissões de 141 quilos de CO2 equivalente), pior para o ambiente. Mas pode não ser tão evidente. A idade dos camiões usados na Holanda é, no geral, menor do que a dos veículos de outros países mais próximos, como Itália. Por isso, poluirão menos. Logo, a preferência do consumidor deve recair pelo que está próximo. O que é nacional é mesmo bom, neste caso.
Contas para a fruta nacional e importada
Sabemos, instintivamente, que comprar maçãs e peras nacionais terá menos impacto sobre o ambiente do que preferir as importadas. Mas as contas que a DECO PROTESTE fez ajudam a compreender melhor: podemos evitar a emissão de vários quilos de CO2 equivalente, ao optar pelos produtores mais próximos. A DECO PROTESTE criou um cenário relativo ao abastecimento de um quilo de maçãs por semana, durante um ano, de cada um dos produtores. Para as peras, foi seguida a mesma regra: um quilo por semana, durante um ano, de frutos comprados a cada um dos produtores.
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