Carro elétrico cada vez mais imbatível no custo por quilómetro
Preciso mesmo de um carro ou há opções mais em conta? Gasolina, híbrido ou elétrico? Como saber o custo por quilómetro? A DECO PROTESTE fez as contas para guiar o consumidor. Em média, o carro só é utilizado em 8% da sua vida útil. Passa 92% do tempo parado, e o dono a pagar todos os meses.
- Especialista
- Alexandre Marvão
- Editor
- Nuno César

Escolhas em modo de velocidade furiosa, aqui, não. Depois da casa, o carro ainda é para a maioria a principal compra na vida. Muitos consideram o preço ou o desempenho. Mas a escolha envolve vários fatores, e alguns mais importantes. Uma decisão acertada assenta na procura do carro à medida das necessidades, sem excessos nem desperdícios.
Poupe com a seleção de carros elétricos e híbridos plug-in
Utilização real do automóvel em exame
Potenciada pela capacidade económica, muitas vezes, a compra vai além das necessidades reais de utilização e da função do automóvel. Poucos compram focados no propósito do carro: transportar pessoas e bens, do ponto A para o ponto B, da forma mais barata possível. Uma compra racional adota critérios como a lotação, o espaço, o conforto e o custo de utilização.
Sabemos que o carro tem uma desvalorização acentuada, muito maior do que qualquer outro bem, e um conjunto de despesas regulares ao longo do período de posse. Esta compra representa despesas e prejuízo constantes. Em média, o carro só é utilizado em 8% da sua vida útil. Ou seja, passa 92% do tempo parado... e o dono a pagar todos os meses.
A primeira questão é: preciso mesmo de carro próprio? Consigo fazer as deslocações de forma cómoda e segura recorrendo aos serviços de mobilidade? Quero pagar tanto para ter um carro só meu? Existem situações (distância, falta de transportes coletivos, tipo de utilização) que obrigam a ter carro, mas são casos esporádicos. A propriedade é generalizada, e acontece sobretudo por uma questão cultural: existem cerca de seis milhões de veículos em Portugal, o que representa uma média de quase dois carros por cada três pessoas. O carro ainda é visto como símbolo de estatuto social e de maturidade.
Hoje, o custo da posse de um veículo é bastante elevado, agravado no caso dos carros em segunda mão, quando comparado com o cenário de há décadas. Por sua vez, os novos serviços de mobilidade conferem alternativas. Ou seja, as novas gerações são, em regra, mais racionais e dispensam a propriedade de um bem que só dá despesa e não confere vantagens substanciais. Se, mesmo assim, a opção for a aquisição do automóvel, importa perceber o tipo de veículo e como será feita a compra, questões essenciais para reduzir os custos económico e ambiental.
O nível de serviço e a abrangência territorial dos transportes públicos cresceram. Os serviços de veículos partilhados proporcionam alternativas, e o aluguer por curtos períodos teve uma significativa redução no custo. Estes novos serviços ganham terreno. Para fazer uma compra consciente, tem de analisar as alternativas e se quer adotar compromissos financeiros pesados com a aquisição de um veículo.
Precisa de analisar o tipo de utilização e a possibilidade de fazer as deslocações com alternativas, como transportes públicos, bicicleta, aluguer de curta duração para fim de semana ou férias e TVDE ou táxi. Só depois de fazer as contas com rigor pode comparar o custo do carro próprio com o das alternativas. Precisa também de calcular os custos imediatos e futuros da utilização e posse do veículo.
Quanto custa a minha mobilidade?
A resposta é dada ao cêntimo. Veja dois exemplos. O Marco desloca-se para o trabalho nos transportes públicos, com um custo mensal máximo de 20 euros. Pondera ir de bicicleta. Ao fim de semana, aluga um carro para viajar. Se o fizer 12 vezes num ano, terá um custo médio de 1080 euros. Nas férias, não precisa de carro, e as voltas para jantar fora, 50 por ano, custam em TVDE ou táxi 400 euros. Estimar gastar em mobilidade cerca de 1500 euros por ano. Se comprar um carro citadino ou utilitário, gasta 4930 euros ao ano (0,493 euros x 10 mil quilómetros). Neste caso, compensa não ter carro, sendo a poupança potencial de 3430 euros por ano.
Já a Alice, mãe de dois filhos, vai para o trabalho de transportes públicos. Mas tem muitas voltas antes e depois do trabalho: levar os miúdos à escola, compras e o desporto das crianças. Sai muito ao fim de semana (duas vezes por mês) e precisa de carro nas férias (três semanas). O custo estimado com recurso exclusivo dos serviços de mobilidade seria de 5232 euros por ano. Se comprar um carro familiar, a despesa anual é de 7035 euros (0,469 euros x 15 mil quilómetros). Utilizar os serviços de mobilidade fica 1803 euros mais barato, mas a cadeia complexa e a frequência de aluguer podem levá-la a optar pelo veículo e, neste caso, a procurar comprar o automóvel mais ecológico e económico.
Sim, preciso mesmo de carro
No cálculo do custo por quilómetro, a DECO PROTESTE estima os anos de posse do carro e o número anual de quilómetros. Junta a estimativa dos custos de posse e utilização, e calcula um valor aproximado do total de gastos.
Assim, é possível comparar diretamente veículos com diferentes tecnologias, formatos e marcas, e descobrir a solução mais económica.
Carro elétrico vence na conta com todas as despesas
A Comissão Europeia aponta para 2035 o fim da comercialização dos veículos com motor a combustão. Indispensável do ponto de vista ambiental, a transição deve ocorrer nas próximas décadas de modo suave e confortável, com mais e melhores condições de carregamento, a redução do custo de aquisição do carro elétrico e a renovação natural do parque automóvel. No caso dos veículos de combustão interna, nalgumas cidades, já há zonas onde não podem circular motores de determinada idade. Mas, enquanto a compra das diversas tecnologias não é limitada, temos de optar pela melhor disponível e a mais eficiente.
Ao volante do carro híbrido, pode poupar combustível com uma condução cuidada, beneficiando do momento de regeneração. Esta categoria inclui ainda os recentes mild hybrid, modelos com um motor elétrico modesto, que serve apenas para auxiliar o motor a combustão, dando uma sensação de maior potência instantânea.
A veia eletrizante dos híbridos plug-in esconde limitações. Ambos os motores funcionam, com momentos de poupança de combustível fóssil. E, com um estilo de condução cuidado, é possível obter poupanças significativas. Para tal, é essencial fazer o carregamento regular das baterias e aproveitar ao máximo a condução em modo 100% elétrico e os períodos de regeneração. Caso contrário, o consumo dispara, ficando muito acima do registado por um veículo idêntico de combustão interna. Bem usado, com o carregamento regular da bateria e o aproveitamento total da condução 100% elétrica, o híbrido plug-in a gasolina fica quase tão vantajoso quanto o elétrico. Mal utilizado, ou seja, sem nunca carregar a bateria, é uma das piores opções.
A compra de um carro elétrico é, cada vez mais, a melhor solução económica para muitos, com os custos de posse e utilização na ponta do lápis. Em segunda e terceira mão, o negócio compensa ainda mais. Entre as várias tecnologias, os elétricos são a solução mais interessante em termos puramente económicos ao longo da vida do automóvel, para a maioria das situações.
A guerra na Ucrânia e a instabilidade no preço dos combustíveis reforçam a vantagem do carro elétrico. Há dois anos, o elétrico só ganhava vantagem perante a combustão se a diferença do preço de aquisição não ultrapassasse os 10 mil euros. Hoje, a versão elétrica até 17 mil euros mais cara continua a ganhar a corrida.
Poupe até 9400 euros com o automóvel elétrico
Para este duelo, a escolha recaiu sobre um modelo muito desejado, com várias motorizações à venda. Foi feito o cálculo do custo por quilómetro para um cenário de 15 mil quilómetros por ano e oito anos de posse. Comparou-se a versão mais acessível do Renault Megane em cada tecnologia. Simule para poupar. Neste caso, com a opção elétrica poupa 9401 euros.
Renault Megane | 1.5 dCi 115 | EV40 130 Equilibre standard |
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Combustível | gasóleo | elétrico |
Preço | 30 049 € | 35 850 € |
Custo por km | 0,361 € | 0,282 € |
Carro elétrico vale poupança de 6500 euros
Destaque para outro confronto com o mesmo cenário de base (15 mil quilómetros por ano e 8 anos de posse). No simulador da DECO PROTESTE, pode verificar todos os custos até 10 anos de posse e várias quilometragens anuais, com o limite de 35 mil.
Hyundai Kauai | 1.0 T-GDi 120 N Line | EV 136 39 kWh Premium |
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Combustível | gasolina | elétrico |
Preço | 24 400 € | 36 500 € |
Custo por km | 0,362 € | 0,308 € |
Custo real do Renault Megane por anos e para várias quilometragens
No gráfico, o duelo contempla o Renault Megane elétrico, que oferece mais autonomia aos utilizadores exigentes (o preço de aquisição é de 41 850 euros). Mesmo esticando a corda, compensa face ao carro a gasolina na versão mais acessível. A resposta depende sempre do veículo e da diferença de preço de aquisição.
Explore alternativas com o simulador do custo por quilómetro, a via mais rápida para personalizar o cálculo e descobrir a solução mais económica.
Quanto pesa cada parcela do custo do Hyundai Kauai?
Avalie também a questão do carregamento. A autonomia já é considerável, com vários automóveis a rodarem mais de 400 quilómetros. Se tiver garagem ou estacionamento com carregador próprio, o problema fica resolvido e os custos controlados. O sonho elétrico pode tornar-se bem real.
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