A experiência de quem já fez quase 300 mil quilómetros de carro elétrico
Manuel Reis já conduziu 300 mil quilómetros ao volante de automóveis elétricos e partilha uma experiência com muito mais altos do que baixos. O carro a combustão já não é opção.
- Especialista
- Alexandre Marvão
- Editor
- Nuno César

As baterias dos carros elétricos estão cada vez melhores, mas os consumidores exigem maiores e melhores garantias, arranca assim o nosso estudo mais recente sobre baterias de carros elétricos. Depois dessa operação, desafiámos os donos de carros 100% elétricos para contarem tudo sobre a experiência e partilharem os prós e contras deste modo de viajar. Além de contar com uma vasta e intensa experiência de carros elétricos, Manuel Reis é vice-presidente do conselho diretivo e um dos fundadores da Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos (UVE).
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Sete anos depois, Nissan Leaf troca de bateria
Manuel Reis, 45 anos, engenheiro eletrotécnico, reside no Porto e tem três automóveis elétricos. Em julho de 2011, comprou um Nissan Leaf de 24 kWh. Foi o seu primeiro carro elétrico com 120 a 130 quilómetros de autonomia real. Conta atualmente com mais de 171 mil quilómetros.
Com uma bateria de primeira geração e uma autonomia reduzida de base, a degradação progressiva da capacidade da bateria fez com que a substituísse depois do prazo da garantia com mais de 7 anos e 158 mil quilómetros. A marca foi sensível aos argumentos de uma degradação acima do esperado e assumiu 50% do valor da bateria, tendo esta custado 6 mil euros. Mas nada se perde. Guardou a bateria antiga e aproveitou-a para armazenar energia solar fotovoltaica em casa.
Em maio de 2018, atirou-se ao segundo carro elétrico, que já percorreu 39 mil quilómetros. Comprou o Nissan Leaf de 40 kWh com 220 a 250 quilómetros de autonomia real. Sendo uma bateria de quarta geração da marca, conta com melhorias ao nível da retenção de capacidade. A degradação é impercetível em condução, embora uma medição recente tenha acusado uma perda de 5% da capacidade. Tendo em conta a maior autonomia e a muito menor velocidade da degradação, Manuel não espera ter de substituir a bateria no período de vida do carro. E sublinha: “este foi o carro elétrico que me permitiu eliminar os veículos a combustão na minha garagem”.
Carrega o carro elétrico quase sempre em casa
Já em março de 2019 adquiriu o Tesla Model 3 Long Range AWD. Com 400 a 500 km de autonomia real, o seu terceiro carro elétrico já tem 72 mil quilómetros. Permite deslocações longas sem preocupações com o carregamento. E também não dá para sentir qualquer degradação da capacidade, embora um teste revele menos de 5% de perda de capacidade ao fim de 70 mil quilómetros.
“Além de proporcionar o máximo conforto, o carro elétrico é a opção mais económica”, dispara Manuel. Regra geral, carrega em casa ou no trabalho. Utilizo a rede pública de carregamento esporadicamente em viagens. O veículo com mais uso da rede pública acabou por ser o Nissan mais antigo: com uma autonomia muito inferior, precisava de ser carregado mais vezes mesmo em viagens pequenas. “Nunca tive surpresas desagradáveis na rede pública. Tento adequar a capacidade do posto ao veículo, além de usar aplicações móveis, como a Miio, que permitem escolher o posto e o fornecedor de eletricidade mais adequado em cada caso”, recomenda o consumidor.
Bateria sem problemas durante a garantia
No prazo da garantia, os carros nunca tiveram problemas. “Os concessionários e as marcas honraram os compromissos e todas as reparações foram de baixo valor”, garante Manuel Reis. Por exemplo, no Tesla, substituíram a “drive unit” frontal devido a um pequeno ruído na transmissão (“assobio” agudo). A marca assumiu de imediato a correção do problema e Manuel teve direito a um veículo igual durante a reparação. Fora da garantia, enfrentou apenas a substituição da bateria do Nissan Leaf de 2011, onde apesar de já terem passado dois anos e 58 mil quilómetros da garantia na altura a marca assumiu 50% do custo.
A bateria original deste carro foi aproveitada para um sistema fotovoltaico de autoconsumo, onde ficou a armazenar energia nos períodos com excesso de produção de eletricidade. Durante a noite e nos picos de consumo, a energia é retirada da bateria, em vez de usar a rede elétrica, com evidentes poupanças financeiras e ambientais. Realizou por si a operação, tendo montado uma solução com uma tensão de funcionamento mais segura e compatível. No total, a bateria consegue armazenar 12 kWh de energia, numa configuração de 14 conjuntos em série de 6 células em paralelo, perfazendo 84 células das 96 da bateria original. Sem notar qualquer perda de capacidade, Manuel está muito satisfeito com o desempenho do sistema e promete não ficar por aqui na transição para uma mobilidade amiga do planeta.
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