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Aspartame declarado possivelmente cancerígeno: posso continuar a beber refrigerante?

A Agência Internacional para a Investigação do Cancro declarou o aspartame como possivelmente carcinogénico para humanos. Saiba se há razão para preocupações e que cuidados deve ter no consumo de produtos que incluam este edulcorante.

21 julho 2023
Copos com coca-cola e gelo

iStock

A Agência Internacional para a Investigação do Cancro (IARC), da Organização Mundial da Saúde (OMS), classificou o aspartame como "possivelmente carcinogénico para humanos". Significa isto que a evidência da relação entre o consumo de aspartame e o desenvolvimento de cancro no homem – nomeadamente, um tipo específico de cancro do fígado – é ainda limitada, sendo também insuficientes as provas recolhidas em estudos em animais.

Em termos práticos, as recomendações não sofrem alterações. O Comité Conjunto de Especialistas de Aditivos Alimentares da OMS e da Organização para a Alimentação e a Agricultura das Nações Unidas (FAO, na sigla inglesa) continua a considerar seguro o consumo de aspartame até 40 miligramas por quilo de peso corporal, por dia. Na prática, para atingir este valor, um adulto de 70 quilos terá de ingerir, por exemplo, entre nove e 14 latas de refrigerante

Assim, a nova classificação da IARC serve como alerta para a necessidade de mais e melhor investigação, para verificar se o consumo do edulcorante implica risco de cancro, bem como compreender os mecanismos envolvidos.

Confira a segurança dos aditivos

Como identificar o aspartame no rótulo?

Utilizado como edulcorante de mesa, para adoçar o café ou o chá, ou incorporado em produtos como refrigerantes, bolachas, gelados e iogurtes, entre outros, o aspartame é um aditivo amplamente utilizado pela indústria alimentar. Entra, sobretudo, na composição de alimentos dirigidos a quem pretende perder ou controlar o peso, mas também a diabéticos.

Os aditivos devem constar obrigatoriamente na lista de ingredientes, no rótulo. Como? Deve ser indicada a classe a que pertence (edulcorante) e o nome específico (aspartame) ou o número  atribuído pela União Europeia (E 951). Mas atenção, o aspartame é parte integrante de outro aditivo alimentar, o sal de aspartame-acessulfame (E 962). Os produtos que o incluem devem ainda indicar que "contém uma fonte de fenilalanina" ou "contém aspartame (uma fonte de fenilalanina)". Trata-se de um aminoácido que surge na digestão do aspartame e que pode causar respostas alérgicas em pessoas sensíveis, caracterizadas por alterações cutâneas, náuseas, vómitos, dores abdominais e urticária. Alguns indivíduos podem sofrer perturbações de visão e dores de cabeça

Consumo prolongado de aspartame é útil para perder peso?

A OMS revela que os adoçantes, grupo que inclui o aspartame, não têm eficácia real no controlo de peso a longo prazo. Podem, até, ter efeitos indiretos, como o aumento do risco da diabetes tipo 2, de doença cardiovascular e da mortalidade em adultos. A conclusão resulta de uma revisão sistemática de 283 estudos, que incluíram adultos e crianças. De acordo com os resultados, pode verificar-se uma pequena redução do peso e do índice de massa corporal, em adultos, mas a utilização destes aditivos não influencia, de forma significativa, outros parâmetros, como a glicose em jejum (o açúcar no sangue), a insulina, a gordura sérica e a pressão arterial, associados à obesidade e a doenças cardiovasculares. Assim, o melhor será mesmo dar preferência a alimentos sem açúcares, incluindo adoçantes, adicionados.

DECO PROTESTE recomenda cautela no consumo de aditivos

Os alimentos que contêm aspartame e outros edulcorantes intensos, como acessulfame K, ciclamatos e sacarina, devem ser consumidos com parcimónia. No caso particular do aspartame, é pouco recomendável, dada a controvérsia em relação à sua segurança. Além de associado ao aparecimento de alguns tipos de tumor, a sua utilização frequente tem sido ligada a outros problemas, como a epilepsia. Assim, e apesar de os limites recomendados (40 miligramas por quilo de peso) garantirem alguma segurança, manda o princípio da precaução que se consuma o menos possível. O conselho é extensivo à maioria dos aditivos.

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